
As palavras não saem,
estão presas no interior.
Debaixo da língua, debaixo dos dedos,
amachucadas e enroladas em si mesmas.
Não sei porque não saem…
Será das mãos frias
ou da cabeça quente?
Certamente
que da falta de vontade não é,
porque a puder
encheria o mundo de palavras.
Cada folha de arvore,
cada pena de pássaro,
cada tijolo partido
e cada grão de areia no chão.
Todos eles teriam (seriam) palavras
Toda a coisa seria
Todo o ser seria
E tu e eu seriamos também
E quando fossemos
quando todas as coisas fossem palavras,
elas estariam soltas,
não mais presas de baixo da minha língua,
presas debaixo dos meus dedos,
amachucadas e enroladas em si mesmas.
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