domingo, 11 de janeiro de 2009

"Foi embora!" (by me)




Subi as escadas, abri a porta e gritei:

                “FOI EMBORA!”

Não olhei para trás nem fingi que estava triste.

                “FOI EMBORA!” – gritei outra vez.

Ninguém respondeu, porque ninguém se escondia nas sombras ou nas luzes que banhavam o quarto.

                “-Foi embora.” – repeti mais baixo.

Estava a tentar convencer-me que eventualmente alguém me responderia.

                “-Foi embora…” – Não passou de um murmúrio.

Não havia lamento ou arrependimento na minha voz. Não havia nada porque não havia ninguém para me ouvir. Como sempre, nada na voz nem ninguém para a ouvir.



Foi a falsidade que nos afastou. As aparências desfizeram-se como uma fina camada de gelo e eu vi a tua outra face. Não gostei, como sei que outros não gostaram – já mo tinham dito, mas eu tinha-os afastado um por um. E vê no que deu… duas pessoas separadas como se por uma muralha de pedra (uma muralha de aparências quebradas).

Por fim outros encheram a casa – os quartos, a sala e todos os espaços que deixaste para trás.

Agora pouco me importa se foste para nunca mais voltar – abrir-te-ia a porta uma e outra vez só para ter razões para gritar com cada fibra do meu ser: 


“FOI EMBORA! FOI EMBORA! FOI EMBORA!” 



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